O abate clandestino representa um grande desafio para os Serviços de Inspeção, porque impede o controle sanitário e a rastreabilidade da carne e de produtos de origem animal, tanto pela ausência de inspeção adequado das carcaças, quanto pela inobservância de normas e procedimentos sanitários durante a manipulação do animal (Boas Práticas de Fabricação), fato que ofende a legislação e o direito do consumidor de adquirir e consumir alimentos de qualidade e inócuos. Também representa um dos mais preocupantes fatores de risco à saúde pública, pela exposição a agentes infecciosos e parasitários, como aqueles que são transmitidos ao homem pelos animais, pela ingestão de alimentos de qualidade sanitária suspeita e pela contaminação do meio ambiente.
Além de violar os procedimentos adequados quanto ao bem-estar animal e abate humanitário, o abate clandestino é normalmente realizado em instalações extremamente precárias e inadequadas, com instrumentos e técnicas inapropriadas. Essa situação, além de submeter os animais ao sofrimento, resulta em sub aproveitamento de suas partes, caracterizando total desrespeito à vida perdida. No abate clandestino não existe, tampouco, qualquer controle quanto ao trânsito de animais, item de suma importância na prevenção de doenças que afetam os rebanhos, como é o caso da febre aftosa, essa doença que o Rio Grande do Sul possui agora zona livre e não precisa realizar a vacinação para prevenção.
É oportuno lembrar à população que a pandemia de Covid-19, originada na China, e que se alastrou rapidamente por todo o planeta, surgiu no desrespeito às regras sanitárias. Animais silvestres de várias espécies eram oferecidos à população nos chamados mercados úmidos, abatidos ali mesmo, sem nenhum controle higiênico-sanitário. Esta situação fora de qualquer controle possibilitou que uma mutação do vírus contaminasse os seres humanos. Portanto, tanto a criação dos animais domésticos, como o abate realizado respeitando-se as exigências sanitárias, são meios de prevenção de situações semelhantes.
Como é produzida a carne inspecionada?
O animal provém de propriedade registrada no Órgão Oficial de Defesa Animal, local controlado sanitariamente;
Na chegada ao frigorífico, o animal é examinado por médico veterinário;
Animais com qualquer moléstia ou doença transmissível são descartados, uma vez que o médico veterinário detém conhecimento para realizar a inspeção das vísceras e carcaças;
Todo processo de abate ou industrialização tem acompanhamento veterinário, sempre seguindo as boas práticas de fabricação;
O transporte do produto final é feito em veículos apropriados para este fim e com alvará de saúde, respeitando as condições de higiene e temperatura adequados.
Rodeio Bonito